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20/12/2024 - terça-feira - 04:19 PM

Propriedade ganha reforço de robô na ordenha

A nova tecnologia já faz parte do dia a dia dos associados da Cotrijal, contribuindo com produtividade, qualidade e eficiência na produção de leite

A produção de leite nas propriedades vem evoluindo ao longo dos anos, com a implementação de
novas tecnologias, inovação, pesquisa, busca por conhecimentos. Mas para seguir nessa atividade tão
desafiadora é necessário algo a mais: a persistência, o comprometimento, a vontade de prosperar e seguir em frente é uma característica comum de quem seguiu na atividade leiteira.

Quem se recorda de quando as famílias tiravam leite à mão, sentados em um banquinho, com o
leite caindo no balde e depois sendo colocado naqueles tarros antigos, para depois ir ao refrigerador?
Algum dia, poderia imaginar que atualmente o leite é tirado por robôs? E o melhor, não se trata de algo
distante, de práticas adotadas em outros países. A ordenha robotizada já faz parte do dia a dia dos
associados da Cotrijal, como é o caso da família Kraemer, do município de Não-Me-Toque.

Trata-se de uma tecnologia avançada, que utiliza robôs para realizar o processo de ordenha dos
animais de forma precisa e automatizada. O sistema é projetado para se adaptar ao ritmo e necessidades
de cada vaca, identificando o momento mais adequado para a ordenha e com isso garantindo ainda mais
eficiência na produção. Ou seja, o que antes eram duas ordenhas, por conta das rotinas da propriedade,
hoje o robô consegue fazer a quantidades de ordenhas necessárias, dependendo da produção do animal.
Tem vacas que passam pela ordenha mais de 4 vezes ao dia, por exemplo. E isso acontece ao longo das 24 horas, sem a necessidade da presença humana. Os produtores rurais conseguem acompanhar tudo à
distância, através de aplicativo no celular. Este é um dos benefícios do sistema, afinal, reduz de forma
significativa a carga de trabalho manual, o que se reflete na qualidade de vida dos proprietários, já que a
mão de obra para tocar a atividade é familiar.

Alta tecnologia e gestão de informações

Sabe quando a tecnologia é tanta que chega até a surpreender? A ordenha robótica é equipada com
diferentes sensores, tecnologia que permite uma gestão mais precisa de produção, com coleta e análise de dados em tempo real que oferecem informações importantes sobre a saúde das vacas, padrões de produção e eficiência do sistema, apoiando os produtores na tomada de decisão e no aprimoramento de suas práticas. O sistema mostra por quantas ordenhas cada vaca passou, quanto ela produziu de leite, realiza toda a limpeza prévia necessária antes da ordenha e ainda pode ser programado para realizar o descarte do leite de determinado animal, por uso de antibióticos, por exemplo.

Para o médico Veterinário e Gerente Técnico da Nutrivital, Marcolino Frederico Miguel, “quando
pensamos em aumento da produtividade com o auxílio do robô, está muito relacionado às informações
que ele te passa. Como ele gera muita informação sobre os animais, tudo fica mais evidente no seu
rebanho, desde as qualidades até os defeitos. Então, sabendo dessas informações, os produtores podem
tomar decisões para melhorar os seus resultados. Essa é a principal vantagem”.

Agora, além de não precisar acordar tão cedo para tirar leite, a família pode otimizar as atividades
na propriedade, uma vez que não tem a necessidade de acompanhamento direto na sala de ordenha. “O
robô é muito bom, tanto para os agricultores quanto para os animais. Tem vacas que passam de 3 a 4
vezes na ordenha em 24 horas. O que é um alívio, pois antes eram duas. Elas vão sozinhas até o sistema e
também são ordenhadas ao longo da noite. Podemos acompanhar todo o processo pelo aplicativo e
também pelas câmeras”, explica o associado da Cotrijal, Romeu Kraemer.

“Com o robô, é possível direcionar a mão de obra para outros setores. Consequentemente, o que eu tenho percebido é que a recria e o manejo de bezerras nas propriedades têm melhorado muito, isso porque é possível distribuir melhor o serviço”

Marcolino Frederico Miguel – Veterinário e Gerente Técnico da Nutrivital

Para implementar o sistema, as vacas passam por um processo de adaptação. O veterinário explica
que o animal vai no robô para se alimentar e não para ser ordenhado. É ajustada uma dieta na qual a vaca tem a necessidade de buscar mais alimento no robô. “Indo lá, conseguimos destinar a ração de uma forma mais adequada aos animais que têm um potencial produtivo melhor. Então, tornamos a alimentação mais eficiente dentro da propriedade. Geralmente, o que eu tenho visto é que há uma economia no volume de concentrado/suplementação que essa propriedade adquire, mantendo níveis de produção iguais. Conseguimos tratar melhor as vacas que produzem mais e diminuir o uso de alimentação concentrada das vacas que produzem menos”, explica o veterinário.

Tudo começou em 1985

A atividade da família iniciou há quase 40 anos, com a primeira vaca que produzia 10 litros de
leite por dia. Depois veio a primeira ordenhadeira, o primeiro resfriador… e agora a propriedade conta
com 66 vacas em lactação, que produzem uma média de 37,40 litros cada, ao dia, totalizando 67,327 mil
litros de leite por mês no sistema de ordenha robotizada. Em quatro meses de implementação, a produção chegou a 269 mil litros.

Para chegar nesses resultados, a propriedade passou pela transição do sistema a pasto, para o
confinado e ao longo dos anos foi registrando o aumento da produção. No ano de 2020, com sistema a
pasto, a produção média das vacas era de 26,42 litros de leite ao dia – gerando 30,24 mil litros ao mês na
propriedade. A produção no ano foi de 362,4 mil litros. Já em 2021, com a adoção do sistema de
confinamento em compost barn, a produção subiu para 28,44 por vaca ao dia, 35,70 mil litros ao mês e
580,64 mil litros no ano. A produtividade foi aumentando, chegando a produção anual de 648,10 mil em
2023, ainda sem o sistema de ordenha robotizada. São 30 hectares de terra na propriedade. No inverno a área total é destinada para a alimentação dos animais e no verão são 20 hectares destinados à alimentação animal e o restante para grãos.

“Vejo que estamos avançando muito, conseguimos aumentar muito a nossa produção,
conseguimos deixar as nossas contas em dia e hoje percebemos que trabalhando focados na produção de leite aqui na nossa propriedade, conseguimos tirar de seis a sete vezes mais do que se fosse só o grão”, destaca a agricultora Loiva Kraemer. Ela atribui os bons resultados e a evolução na produção também à boa genética – todo o plantel foi criado na propriedade, a partir da reprodução – e bom manejo. Para isso, a família busca muitas informações através da participação em palestras, seminários e também na internet.

Além disso, destaca também a organização e o planejamento financeiro: a importância do fluxo de caixa,
do capital de giro, do cuidado de como o dinheiro está sendo investido e da atenção aos custos de
produção.

No momento o foco da família, pensando no planejamento e organização da propriedade, é ajustar
o plantel para melhorar a média de produção por vaca e seguir produzindo acima de 60 mil litros por mês.

“A família Kraemer é extremante dedicada e focada em alcançar seus objetivos, seguindo as orientações técnicas e pondo em prática o que lhes é proposto. Se destacam pela parte operacional e pela gestão e ao realizar investimentos, estudam sua viabilidade. Todas as atividades propostas são feitas e planejadas”,

Cristian Arnt – Veterinário da Cotrijal que acompanha a propriedade

Desafios da atividade

Trabalhar com produção leiteira é desafiador e ao longo dos anos, muitas famílias desistiram. O
Relatório Socioeconômico da Cadeia Produtiva do Leite no Rio Grande do Sul de 2023, estudo produzido
pela Emater/RS – Ascar, aponta que o número de estabelecimentos produtores de leite (que destinam a
produção para a industrialização) reduziu 60,78%, passando de 84,1 mil em 2015 para 33 mil em 2023.

A família Kraemer revela que nunca pensou em deixar a atividade. O caminho, segundo eles, está
no trabalho em família, no comprometimento, na sucessão, no foco em produção e nas melhorias da
estrutura. O filho do casal, Ronaldo Kraemer, trabalha há dez anos na propriedade e tem sido essencial na
busca por novos conhecimentos, ideias e sugestões de mudanças. Foi ele que incentivou a mudança para o sistema de confinamento em compost barn. Para isso, a família visitou várias propriedades buscando
entender melhor sobre o sistema. E com a ordenha robótica não foi diferente. A família participou de
seminários, realizou visitas em propriedades nos municípios de Augusto Pestana, Selbach, Ibirubá,
participou de palestras, inclusive na Expodireto Cotrijal. O objetivo era conhecer as práticas e os desafios
relacionados à implementação do robô, buscando mais segurança para realizar o investimento. Além
disso, os Kraemer também fizeram o cálculo de quantos litros de leite a mais precisam ser produzidos ao
mês para cobrir os custos do investimento e da manutenção do sistema de ordenha.

Manejos que auxiliam no ganho de produtividade

A família Kraemer conseguiu ganhar escala na sua produção de leite, mesmo atuando em uma área
de terra considerada como pequena propriedade. Para quem ainda não pensa em investir nestas estruturas de confinamento e ordenha robótica, ou ainda não consegue, é possível adotar práticas que podem auxiliar nos ganhos de produção.

A pesquisa da Emater/RS – Ascar revela que 84% das propriedades no estado onde há a produção
de leite ainda atua no sistema a pasto com suplementação – 10,65% utilizam o sistema de
semiconfinamento e 5,35% o sistema de confinamento. “O aumento de produtividade em sistema a pasto
é possível melhorando a utilização de piquetes, com pastagens de alto desempenho e fazendo a rotação
corretamente (de preferência um piquete novo por turno). É muito importante também que as vacas tenham acesso à sombra para as horas quentes do dia, água disponível em excelente qualidade e
quantidade, com fácil acesso dos animais. Ter uma boa estrutura para suplementação de alimentos, como
ração e silagem, também é essencial”, explica Cristian Arnt.

O gerente técnico da Nutrivital, também destaca a importância da nutrição dos animais. “Para
ajudar neste aumento de produtividade, o que eu vejo que auxilia muito, tanto para pequenos ou grandes produtores, é a produção de alimentos dentro da propriedade. Tentar produzir a forragem de melhor qualidade possível, lembrando que a alimentação concentrada serve para suplementar o que a forragem não oferece. Então tudo que puder produzir de qualidade em casa irá ajudar na economia em concentrado.

Outra questão é a reprodução: tentar manter bons índices reprodutivos, tentar emprenhar as vacas o mais rápido possível, assim que elas parirem, pra evitar que esses animais fiquem muito tempo dando leite. Isso baixa um pouco a eficiência alimentar do rebanho. Quanto menor os dias em lactação média do
rebanho, maior será sua eficiência alimentar”. Marcolino Frederico Miguel explica ainda que o
manejo sanitário é outro fator que ajuda na produtividade. Os animais precisam estar saudáveis, já que
problemas como infecções demandam energia para que possam se recuperar. “É necessário evitar outros
fatores relacionados ao animal que consumam essa energia que poderia ser direcionada para o leite, que é proveniente da nutrição”, finaliza o profissional.

Conte com o nosso suporte técnico

A relação da família Kraemer com a Cotrijal é de longa data. Eles são associados há cerca de 40
anos e contam com o apoio da equipe técnica da cooperativa, tanto de agrônomos quanto de médicos
veterinários. O objetivo é estar ao lado dos produtores e produtoras rurais, orientando e fornecendo
informações de forma personalizada que possam ajudar os associados a alcançar, cada vez mais, melhores resultados.

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