As mulheres têm papel importante nas propriedades rurais e no cooperativismo. Essa visão é defendida há muitos anos pela Cotrijal, que incentiva associadas como Lisiane Weber a buscar espaços para mostrar seus talentos e competências e inspirar outras mulheres.
A história de vida de Lisiane Weber comprova que a mulher pode contribuir muito para o sucesso da propriedade e para a transformação da sociedade. Natural de Boa Vista do Guilherme, interior de Lagoa dos Três Cantos/RS, ela construiu uma trajetória marcada pela dedicação, coragem e protagonismo.
Desde cedo, acompanhou o trabalho na terra. Quando ainda era pequena, o pai adquiriu terras em Arroio Bonito, interior de Não-Me-Toque/RS, onde ela cresceu e viveu praticamente toda a vida. Foi lá que conheceu seu esposo Mauro, aos 17 anos, com quem dividiu uma vida inteira de trabalho e conquistas e que sempre a incentivou a buscar seu espaço como mulher.
Durante 24 anos, Lisiane e Mauro trabalharam com duas atividades: produção de grãos e criação de aves de corte. Para que os resultados esperados fossem atingidos, o trabalho sempre foi realizado de forma conjunta e bem organizada, dividindo as tarefas.
Devido a questões de saúde, há sete anos o casal vendeu o aviário, passando a se dedicar apenas à produção de soja, trigo e aveia. Eles moram na cidade de Não-Me-Toque, mas a maior parte da rotina continua sendo no interior.
São quatro áreas de terra, totalizando 70 hectares, em locais diferentes do município. Em uma delas, em Linha São Paulo, eles construíram galpão para abrigar o maquinário e quiosque para permanecer nos dias de trabalho.
Lisiane pilota trator, organiza tarefas, gerencia com precisão e atua onde for preciso. A única exceção é a aplicação de defensivos, mas até na preparação do equipamento e dos produtos a serem aplicados ela está presente. “Como somos apenas nós dois para cuidar de tudo, passei a me envolver também mais com compra e venda de grãos e insumos e amo o que faço”, conta ela.
Conhecimento colocado em prática

Com espírito empreendedor e visão organizada, Lisiane sempre buscou capacitação. Participou de diversos cursos, que proporcionaram conhecimento e mudanças práticas. Um primeiro passo importante para ela foi o programa De Olho na Qualidade, organizado pela Cotrijal no início dos anos 2000, que contribuiu para seu desenvolvimento pessoal e profissional.
A partir dele, ela criou métodos próprios para manter o controle das atividades, como um mural de planejamento diário — ainda presente no galpão da propriedade — e um caderno onde, desde 2010, registra minuciosamente os detalhes das safras.
Outra metodologia implantada a partir do curso é a definição das prioridades do dia e da semana no momento do chimarrão da manhã, junto ao marido. “Sempre fui muito organizada e isso facilita o trabalho. E gosto de ter as informações na mão, por isso ainda utilizo caderno”, explica.
Disposição para fazer mais
Mesmo com todo o envolvimento na propriedade, Lisiane encontra tempo para se envolver em tarefas comunitárias. É síndica do prédio onde mora e participa ativamente da comunidade evangélica de Linha São Paulo.
Ela também já foi líder de núcleo da Cotrijal e conta, com orgulho, que não faltou a nenhum encontro de mulheres da cooperativa, programação que acontece desde 1995.
Em 2022, foi convidada a fazer parte do Comitê Mais Elas da Cotrijal, o que lhe proporcionou um conhecimento maior sobre a cooperativa e o agronegócio. “Participei de muitas capacitações através do comitê, que ampliaram minha visão e oportunizaram levar mais conhecimento também para outras mulheres”, pontua.
Mesmo com certa timidez para falar em público, Lisiane sabe da importância da sua voz. Defende com firmeza que as mulheres têm total capacidade de atuar no campo e que a participação feminina deve ser incentivada e valorizada. Seu exemplo mostra que a mulher não apenas pode, mas deve estar inserida nas decisões e nas práticas que movem o agro. “Para ter mais espaço precisamos de conhecimento e a cooperativa tem nos auxiliado muito”, finaliza.